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25 Maneiras de Reduzir Custos com a Doença de Alzheimer e Outras Demências

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Recentemente, fui questionado sobre como melhorar o atendimento de pacientes idosos com demência no serviço público. Pelas características da doença e as dificuldades que ela impõe – desde o diagnóstico até as frequentes alterações comportamentais – o cuidado de pacientes e cuidadores representa um grande desafio ao sistema de saúde, não só aqui, mas em todo o mundo. Não foi à toa que, há três anos, o presidente norte-americano Barak Obama anunciou uma série de medidas em relação à doença de Alzheimer, praticamente declarando uma estratégia de guerra contra os danos da doença.

 

curso alz grafHoje, no Brasil, temos relativamente poucos casos diagnosticados e tratados, num modelo ainda centrado no atendimento médico e na resolução de complicações, através de internações hospitalares muitas vezes preveníveis. Os programas de amparo aos cuidadores, tão necessários, não contemplam todos os municípios, apesar de todo o esforço de uma ONG chamada ABRAz.  (Entenda sobre como a doença evoluiu e como é a reação dos familiares, clique aqui)

Como mudar essa situação?

Com certeza, uma forma de despertar os olhares de autoridades e gestores da saúde – da esfera pública e, principalmente, da privada – é falar em redução de custos. Não que eles sejam pessoas insensíveis ao drama diário desse mais de 1,5 milhão de famílias brasileiras, é que, como em qualquer problema administrativo, usar a relação de custo-efetividade  e economia futura atrai mais a atenção, logo, investimentos.

 Respondo a esse gestor,  extrapolando também para algum diretor da esfera privada, da seguinte forma: “com base em referências científicas publicadas nos últimos dois anos, para reduzir os custos no atendimento a idosos com demência, eu: 

  • Incentivaria o diagnóstico precoce (estudos mostram que a detecção precoce da doença, em dez anos de acompanhamento, reduz os custos total em pelo menos 9,8%);
  • Combinaria ao diagnóstico precoce, medidas educativas (em 2010, foi publicada uma pesquisa do Minneapolis Veterans Medical Center mostrando uma redução em até 30% dos custos);
  • Incentivaria a prescrição de medicações adequadas (em 2008, apenas 12% dos casos estimados da doença recebiam a medicação pelo SUS; em Portugal esse número é de aproximadamente 67%);Idée
  • Criaria grupos para cuidadores, com enfoques educativo e de apoio;
  • Abriria clínicas de memória, como referência para manejo de casos complicados;
  • Capacitaria profissionais da saúde (em pesquisa feita em cidade do RS, nenhum enfermeiro da atenção básica sentiu-se capaz em atender casos de demência);
  • Informatizaria os trâmites para requisição de medicações anti-demência (hoje é um processo que envolve muitos papéis e bastante burocracia);
  • Adotaria visitas domiciliares de enfermagem regulares;
  • Identificaria pacientes com alto risco para desenvolver a doença (existem escalas que predizem esse risco);
  • Aumentaria o diagnóstico e investiria no tratamento de diabetes e depressão em idosos e adultos na meia-idade;
  • Instalaria programa de prevenção de quedas em idosos com demência (já que são uma das principais causas de hospitalização);
  • Criaria centros-dia;
  • Identificaria os pacientes com demência na entrada de emergências;
  • Adotaria medidas de redução na permanência hospitalar (pacientes com demência teriam prioridade em atendimento e realização de exames);
  • Daria especial atenção à adesão medicamentosa de pacientes idosos com depressão, diabetes e comprometimento cognitivo leve;
  • Incentivaria o controle prescritivo de medicações inapropriadas para idosos (existem listas daquelas que devem ser evitadas e seu uso aumenta a hospitalização em até 46% em um ano de seguimento);
  • Incentivaria o manejo não-farmacológico das alterações comportamentais e o uso racional dos antipsicóticos nesses casos;
  • Aumentaria a vacinação contra o pneumococo (incluiria pacientes com demência na lista de quem pode receber a imunização pelo SUS);
  • Ampliaria a discussão sobre a não indicação de sonda nasoenteral para pacientes que ainda conseguem deglutir;
  • Incentivaria a institucionalização de idosos cujas famílias não apresentam condições de cuidá-los;
  • Aumentaria a discussão sobre redução na admissão de pacientes idosos com demência em fase grave nas unidades de tratamento intensivo;
  • Incentivaria internações domiciliares e visitas médicas para pacientes com demência;
  • Adotaria medidas de prevenção e tratamento ao estresse dos cuidadores;
  • Implantaria serviços de reabilitação cognitiva para idosos com fases leve e moderada da doença;
  • Aumentaria a socialização de idosos através de programas como universidades abertas da terceira idade (medida que já consta no Estatuto do Idoso).”

 A rápida leitura dessas vinte medidas deixa bem claro que, além de reduzir custos, elas melhoram, e muito, a qualidade de vida dos pacientes e, principalmente, de seus familiares. Gostaria de ouvir essas medidas anunciadas pela nossa presidente Dilma – quem sabe, em breve.

Abraços, Leandro Minozzo

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