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Entenda a andropausa em 11 questões

DAEM

1.   Quais especialidades médicas devo procurar para investigar ou tratar andropausa?

Urologista, endocrinologista ou clínico com experiência no assunto.

2.   Quais exames devem ser solicitados?

O diagnóstico não é tão simples, exames que demandam criteriosa interpretação são solicitados: testosterona total, SHBG, albumina, estradiol, TSH, 25(OH) vitamina D, hemograma, PSA, TGO/TGP, prolactina – realizados pela manhã e em duas ocasiões.

3.   Todos os pacientes devem ser investigados?

Indico apenas aos pacientes que apresentam as queixas de DAEM, diabéticos, com depressão atípica, portadores de hemocromatose e obesos. Em breve, pode ser indicada a dosagem dos níveis de testosterona em adultos, para posterior comparação na meia ou terceira-idade quando da suspeita do DAEM.

4.   Como é o acompanhamento da reposição?

No primeiro ano da reposição, há necessidade de consultas e exames trimestrais, após, esse acompanhamento se torna anual. Os riscos são:

•Alteração no PSA;
•Piora em SHAOS;
•Infertilidade;
•Ginecomastia;
•Retenção líquida;
•Policitemia;
•Acne, pele seborreica, prurido e piora em alopécia androgênica;
 images6EP65M255.   A terapia de reposição com testosterona serve para rejuvenescimento ou como anti-aging?

De forma alguma.

Recomenda-se apenas o tratamento para pacientes que apresentam a doença, ou seja, níveis de hormônio reduzidos em duas ocasiões mais queixas compatíveis. Indicar a reposição para pacientes que não precisam é um erro médico e o paciente fica exposto a riscos pelo excesso do hormônio, fora o risco de atrofia ou disfunção testicular. Cabe ressaltar que, assim como no caso do hipotireoidismo, a terapia de reposição de testosterona dura a vida toda, logo, sua indicação deve ser muito precisa e diversos fatores devem ser avaliados.

6.   A andropausa pode ser causada por excesso de estradiol (hormônio “feminino”)?

Pode sim! Mesmo os homens apresentam o “hormônio feminino” – isso é natural e necessário. O estradiol, nos homens, está relacionado à libido e à manutenção da massa óssea. Existe uma enzima, acho importante explicar, chamada aromatase que converte testosterona em estradiol. O problema é que, em determinadas circunstâncias, como obesidade ou alcoolismo, essa conversão é excessiva, resultando em níveis elevados de estradiol (acima de 35 pg/ml – não há consenso). Essa condição é chamada hiperestrogenismo e, além de reduzir os níveis de testosterona livre (forma ativa), prejudica a saúde do homem em diversos aspectos: ganho de peso, aterosclerose, piora cognitiva e aumento na mortalidade.

7.   Quais as opções disponíveis, no Brasil, para terapia de reposição com testosterona?

A reposição pode ser feita através de três vias: oral, injetável e transdérmica. A primeira, devido a efeitos colaterais e dificuldades em ajuste de doses, praticamente não é utilizada. A via injetável se faz através de aplicações intramusculares de testosterona, com opções que variam entre doses a cada 15-21 dias ou até 3 meses.

A Nebido, injeção que apresenta o conforto de ser usada trimestralmente, tem a grande vantagem de manter níveis fisiológicos, ou seja, mais próximos da faixa natural, sem picos. Ela deve ser iniciada com uma dose de impregnação 45 dias após a primeira injeção e, em seguida, ser administrada a cada 80 ou 90 dias.

Por último, temos a via transdérmica. Entre as suas vantagens, ela consegue simular o que acontece normalmente no organismo, ou seja, acompanha o pico matinal do hormônio. Além disso,  o que considero muito interessante, há como individualizar as doses de acordo com os efeitos apresentados pelo paciente. Pode haver uma pequena vantagem no uso desse tipo de apresentação em relação aos níveis da DHT, que é a forma ativa do hormônio.

Assim como com uso da Nebido , a via transdérmica  diminui as chances de picos suprafisiológicos de testosterona e variações no humor.  Até há pouco tempo, porém, era preciso encaminhar os pacientes para as farmácias de manipulação. Felizmente, foi lançado o Axeron (Lilly), primeiro gel transdérmico de testosterona do Brasil e posteriormente o Androgel. Era algo esperado já há algum tempo, por haver apresentações similares no mercado americano. As desvantagens dessa apresentação são a necessidade de aplicação diária – que diminuem sua adesão – e o custo.

8 – Exercício físico realmente aumenta os níveis de testosterona?

Sim, principalmente os resistidos. Particularmente, recomendo musculação pelo menos três vezes por semana.

9 – Em pacientes com depressão, após o tratamento medicamentoso, há um aumento nos níveis de testosterona. Como proceder nesses casos: pacientes com depressão e exames indicando deficiência hormonal?

Trata-se de uma situação um pouco peculiar, porém que tende a ser mais frequente. São casos nos quais a individualização e uma análise ampla do paciente precisam prevalecer. Apesar de relatos e pequenos estudos mostrando que a terapia de reposição com testosterona melhora sintomas depressivos, em pacientes que se apresentam doentes, o tratamento adequado é o uso de antidepressivos e psicoterapia. Recomendo que não se valorize tanto pequenas reduções hormonais (bordeline) nesses casos e que se repitam os exames em segundo momento. Caso persistam níveis baixos, daí sim os tratamentos podem se complementar, com grandes benefícios ao paciente.

10 – Como ficam pacientes com menos de 40 anos com hipogonadismo e que desejam ter filhos?

Nesses casos, a avaliação médica envolve o controle com espermograma e a reposição com testosterona é totalmente contra-indicada. Considero a infertilidade provocada pela terapia de reposição hormonal como um dos grandes riscos dessa “onda” de prescrição exagerada de testosterona em homens sem hipogonadismo diagnosticado.

Por outro lado, quando há o quadro de deficiência hormonal e ela repercute com prejuízos à qualidade de vida do pacientes,  há algumas alternativas medicamentosas que, quando somadas à readequação rigorosa do estilo de vida, apresentam bons resultados.

11 – A terapia de reposição de testosterona é indicada como tratamento único para a perda de peso?

Não – pelo menos ainda essa indicação é inexistente. Digo ainda porque, apesar de diversos resultados de pesquisas apontarem para a manutenção da massa magra e perda de gordura corporal, simplesmente indicar a testosterona com a promessa de emagrecimento não é adequado. Em contrapartida, sabe-se que a redução do peso corporal está relacionada a um provável e benéfico aumento nos níveis de testosterona sérica, especialmente após a perda de 5% do peso corporal.

Importante: as informações contidas nesse texto são didáticas e não substituem jamais o acompanhamento médico. 

Grande abraço, Leandro Minozzo

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