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Ortorexia: Quando o Saudável em Excesso Faz Mal

ortorexia

Revisando alguns conceitos de nutrologia, deparei-me com interessante parágrafo sobre uma condição clínica de nome bastante diferente: ortorexia. Você por acaso sabe do que se trata? Será que é mais uma doença que médicos inventam para rotular as pessoas ou transformar todos em doentes, logo possíveis clientes?

Não é bem por ai. Trata-se de um “distúrbio alimentar” causado pela obsessão em alimentar-se “corretamente”. Explico agora os porquês das aspas. Da primeira: coloquei distúrbio porque ainda não se trata de uma doença ou transtorno alimentar bem definido. Já a segunda tem a ver com a percepção das pessoas sobre o correto ou o saudável. Quando o quadro de ortorexia está instalado, a distorção do conhecimento sobre alimentação ou a falta dele sempre está associada.

No consultório é frequente encontrar adultos magros, preocupados com seu bem-estar e que muitas vezes fazem um investimento financeiro significativo para preservar hábitos alimentares por eles considerados saudáveis. Muitas vezes tumultuam toda a rotina familiar com suas crenças e restrições “cientificamente.com.br” comprovadas. E, quase sempre, queixam-se de cansaço e desânimo.

Ao escutar com interesse e questionar objetivamente sobre seus hábitos alimentares, muitas vezes chego a dietas até bem intencionadas, mas com erros grosseiros: falta de micronutrientes (vitaminas e minerais) e até de macronutrientes, em especial proteína e gordura. E, o que é pior: erros que levam a carências subclínicas combinados com exercício físico pesado – o que os potencializa, piorando a queixa de cansaço.

Como se trata de uma condição que ocasiona problemas de saúde, acredito que não é só mais um termo médico para rotular pessoas ou algo do gênero, como se fosse um modismo. Se ela será considerada uma doença nos próximos anos, não tenho como afirmar – considero que as chances são grandes pelo crescente número de pessoas que a apresentam. O envelhecimento da população tem levado ao surgimento de pessoas realmente preocupadas com a saúde, às vezes, a ferramenta dessa super-preocupação deixa de ser o bisturi do plástico e vira a própria boca.

Os principais erros conceituais dos pacientes com ortorexia são:

  • Consumir proteína faz mal e prejudica os rins;
  • Consumir leite é sempre nocivo, assim como glúten;
  • Uma dieta saudável é aquela com quase 0% de gordura;
  • Colesterol é demoníaco;
  • E, por último, que se consegue atingir FACILMENTE níveis saudável de ingesta de proteína, cálcio, ferro ou vitamina B12 através dos vegetais.

Cabe deixar bem claro que não considero vegetarianos como ortoréxicos! Há um receio entre alguns quanto à classificação do vegetarianismo como forma de ortorexia. O que não é verdade. Já há até o contra-ataque em classificar quem come carne de CRUELorético!, praticantes da cruelorexia. Percebo que muitos vegetarianos não buscam auxílio profissional e acabam errando em suas dietas, mas não por obsessão em fazer a coisa certa, mas sim falta de orientação correta. Uma dieta vegetariana bem feita exige muito mais dedicação e cuidados do que se imagina corriqueiramente. Para essas pessoas, a dica é que pelo menos façam os exames de sangue periodicamente.

Só para não deixar aqueles principais erros passarem batidos:

  •  Proteína não faz mal e jamais fará! Precisamos pelo menos de 0,8g de proteína por kg de peso ao dia – valor esse que aumenta com a prática de exercício físico (quando pode passar de 1,8g/kg/dia) e outras condições.
  • Nem todos são intolerantes à lactose! O leite é um alimento riquíssimos, com diversas propriedades como ser fonte de proteínas, cálcio e gordura.
  • Precisamos que quase 30% da energia que ingerimos venha das gorduras!, cerca de 55% dos carboidratos e 15% das proteínas!
  • O colesterol é fundamental para a produção de hormônios!

O que fica disso tudo?

Procure um médico ou nutricionista, não apenas o Google. Converse. Leve suas dúvidas. Legal querer ser saudável e é do ser humano achar que entende um pouco sobre medicina e saúde, que de médico (ou nutricionista) e de louco todo mundo tem um pouco… mas, enfim, procurar uma orientação não parece a melhor pedida?

Forte abraço! Leandro

Ficou curioso, leia mais: Ortorexia nervosa: reflexões sobre um novo conceito, de Martins et al. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732011000200015&script=sci_arttext

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