Olá!
Escrevo esse post para alertar os pacientes e familiares sobre uma situação frequente nessa época do ano: a falta de receita para compra de medicações controladas, gerando uma interrupção não planejada no tratamento. No caso dos antidepressivos, essa parada abrupta pode levar a sintomas desagradáveis que vão desde tontura e falta de equilíbrio até mesmo à insônia. Eles costumam surgir entre 2 a 5 dias após a última dosagem, e podem durar mais de duas semanas.
Muitas vezes, sintomas psicológicos como ansiedade, agitação, irritabilidade, confusão mental e lentidão do pensamento também podem surgir.
Por ter feito plantão em emergência por muitos anos, acostumei a fazer esse tipo de diagnóstico. Muitas vezes, o paciente acredita que é uma crise de labirintite, porém, a causa foi justamente essa interrupção não planejada das medicações.
É importante ressaltar que o fato da parada da medicação, em especial dos antidepressivos, provocar esses sintomas não justifica afirmarmos que elas “viciam” ou causam dependência. Consegue-se, sim, suspendê-las com supervisão médica, de maneira gradual. O grande problema é “parar de uma vez” – não tem nada de vício! Digo isso porque alguns pacientes já usaram esse argumento para decidir abandonar o tratamento.
Sobre isso que falo aqui, há inclusive um nome “mais técnico” dessa condição: a síndrome da descontinuação ou da interrupção.
Falei de antidepressivos, mas ela pode acontecer também com outras classes de psicofármacos, como os antipsicóticos e os benzodiazepínicos.
O que fica de importante nessa mensagem: preste atenção na quantidade de comprimidos e pílulas que tens em casa. Calcule se ela será suficiente para o período de férias. Leve pelo menos a cópia da última receita consigo.
E, caso haja qualquer dúvida, fale com seu médico. Acredite, é muito melhor do que passar mal e ter que procurar atendimento lá na praia, quando todos estarão curtindo o veraneio.
Grande abraço,
Leandro Minozzo
Geriatra e Nutrólogo