Apesar de estarem em crescente discussão, as dietas sem glúten e com baixo teor de FODMAPs exigem um cuidado rigoroso. É necessária a supervisão do médico nutrólogo, de outro especialidade (gastroenterologista, endocrinologista ou clínico com aperfeiçoamento no assunto) ou nutricionista – sempre.
Entre os riscos de quem segue umas dessas dietas, posso elencar possíveis deficiências de:
- folato,
- tiamina,
- niacina,
- riboflavina,
- cálcio,
- ferro,
- zinco,
- magnésio
- e, principalmente, FIBRAS!
Um aspecto também interessante é o conceito de baixa “carga prebiótica” e está relacionado a esses dois tipos de dieta. Trata-se de uma oferta menor de alimentos para as bactérias “do bem” que habitam nossos intestinos, chamadas probióticos (em especial as Bifidobacterium e os Lactobacillus) o que pode precipitar efeitos adversos como disbiose e constipação. Esse risco é ainda maior em quem segue a dieta com baixo teor de FODMAPs.
Há, e é importante ressaltar isso para quem tem excesso de peso ou é diabético, grande quantidade de produtos sem glúten que, para manter sua textura e sabor, são compostos por uma quantidade maior de gordura saturada e, dessa forma, serem até mesmo mais calóricos. Ah, sem falar no custo, uma vez que os preços são mais elevados (aproximadamente 200% mais caros).
Engana-se, à primeira vista, quem acredita que eu não indique esses tipos de restrição. Quanto aos FODMAPs, um dos primeiros textos publicados em português veio justamente desse blog, há mais de dois anos. Em relação ao glúten, tenho aprofundado meus estudos em Doença Celíaca e também na sensibilidade ao glúten não-Celíaca – condição essa que merece muita atenção. Quando bem indicadas, e quando uma série de outras condições é excluída, essas dietas são simplesmente fantásticas.
Assim como ocorre em qualquer alteração significativa na dieta, seguir uma restrição de glúten ou de FODMAPs pode precipitar transtornos alimentares, logo, agravar problemas de saúde. O detalhe que aponta para esse quadro é quando se percebe uma obsessão pela dieta. São casos não tão frequentes, porém exigem muito jogo de cintura do profissional para fazer o diagnóstico e orientar o paciente corretamente. São pacientes que costumam chegar com muitas informações sobre saúde e alimentação, algumas vezes distorcidas, e com preconceitos extremamente rígidos.
Finalizando, há indicação para dietas restritivas? Claro que sim. Porém, devido a seus efeitos adversos e riscos aos quais os pacientes ficam expostos, a supervisão do médico é fundamental.
Grande abraço,
Leandro Minozzo – Médico Nutrólogo
Textos sobre FODMAP para Síndrome do Intestino Irritável:
Referências mais atualizadas:
Vici, et al. Gluten free diet and nutrient deficiencies: A review. Clin Nutr. 2016 May 7.
Missbach B, et atl. Gluten-free food database: the nutritional quality and cost of packaged gluten-free foods. PeerJ. 2015 Oct 22;3:e1337