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Concentre-se e melhore sua memória!

Olá, tudo bem?

Aqui no blog já falei sobre algumas dificuldades cognitivas que todas as pessoas enfrentam ao envelhecer. São alterações que não causam prejuízo em atividades do cotidiano, porém costumam chatear muitas pessoas já na meia-idade. Entre elas, está a dificuldade em fazer várias coisas ao mesmo tempo. Com isso, para cumprir uma determinada tarefa, a pessoa de mais idade necessita de uma maior concentração. Distrair-se torna-se cada vez mais fácil.

O problema é que algumas características do mundo hoje, onde a velocidade da informação chega a assustar, além da conectividade, expõe as pessoas a um número muito grande de distrações. Outra característica é que as pessoas se cobram muito e acabam fazendo e pensando em diversas coisas ao mesmo tempo. Tudo isso resulta num foco muito menor, mais superficializado. Por ser fundamental prestar atenção para que se consiga memorizar fatos, nomes e situações,  com essa superficialização do foco, não é de se estranhar a crescente na queixa de falta de memória e concentração.

Quando essas condições encontram uma pessoa que dorme mal, ou que não faz exercícios físicos, o quadro de dificuldade de concentração fica ainda mais complicado.

Então, o que fazer? A solução seria usar algum tipo de medicação?

Não é bem por ai. Pelo menos não é essa linha de saúde que eu sigo: a de medicalizar todas as dificuldades da vida.  É importante saber que se pode treinar a atenção e a capacidade de concentração. E uma das formas que mais auxiliam nisso é justamente o exercício físico regular. Para se ter uma ideia, em crianças com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), uma das formas de aumentar a capacidade de concentração é justamente com o exercício físico. Costumo sempre usar o exemplo do maior medalhista olímpico de todos os tempos, o nadador norte-americano Michael Phelps. Diagnosticado com TDAH, Phelps começou a fazer natação para justamente ajudar no tratamento.  E veja só no que deu!

Mas os benefícios do exercício físico, tanto os do tipo aeróbico (caminhada) quanto resistido (levantamento de pesos ou pilates), não se limitam às crianças. Diversos estudos mostram que idosos que iniciaram atividades físicas em programas regulares apresentaram melhora significativa em seus índices de atenção. Tamanha é a influência do exercício nas partes do sistema nervoso responsáveis pela atenção que há estudos que mostram que os benefícios podem ser vistos mesmo em pacientes já com quadros de demência instalada.

Outra forma de treinar a capacidade de concentração é através da leitura. Por mais simples que pareça, o hábito da leitura demanda muita concentração para o entendimento de histórias. Diferentemente de assistir a novelas na televisão (atividade passiva), ler um livro, um romance, por exemplo, exige uma atenção total. Qualquer página não lida com cuidado, imediatamente faz que se perca todo o fio da meada, obrigando o leitor a voltar na leitura.  Para quem não tem o costume de ler livros de 200, 300 ou mais de 500 páginas, sugiro que se comece por obras menores, ou mesmo a leitura de crônicas ou contos.  A leitura é algo que vale sempre a pena dedicar algum tempo!

Falando em leitura, e como grande parte dos leitores está ou na meia idade ou já é idoso, não poderia, como médico, deixar de falar sobre a necessidade de cuidar da saúde dos olhos!  Com o passar dos anos, muitas pessoas deixam de ler justamente por dificuldades visuais. Hoje, há diversos tratamentos para as doenças da visão, e uma série de recursos que auxiliam na leitura. Outro sentido que merece uma atenção especial por se relacionar com a atenção, é a audição. Canso de detectar surdez em pacientes que chegam ao consultório justamente com queixas de memória ruim ou falta de concentração.

Continuando com formas de aumentar a capacidade de concentração, não poderia deixar de falar da yoga e do Tai Chi Chuan. Há dezenas de pesquisas sérias que comprovam os benefícios dessas duas práticas. A yoga tem na concentração o seu fio condutor. Todas as técnicas, como respiração, posturas (os chamados asanas), meditação e relaxamento baseiam-se na concentração total, no foco no aqui e agora.

As pesquisas comprovam que mesmo num período de 8 semanas de prática de yoga, o praticante experimenta alterações cerebrais e melhorar em capacidades mentais como atenção e memória. E muitas dessas pesquisas foram feitas com idosos com mais de 70 anos.

O mesmo acontece com o Tai Chi, que além de questões de melhora no equilíbrio e com o resultante benefício de reduzir o número de quedas, desenvolve habilidades mentais relacionadas à concentração. Ambas práticas fazem parte do que chamam de terapias mindfullness, ou seja, que ajudam as esvaziar a mente. Como vimos que o estresse e a necessidade de pensar e fazer várias coisas ao mesmo tempo prejudica a capacidade de prestarmos atenção, não  é de se estranhar que terapias que justamente nos afastem momentaneamente da frenesi do dia-a-dia auxiliam nossa saúde mental.

Vimos que a boa memória passa por uma capacidade de manter o foco, em prestar atenção adequadamente. Qualquer um que deseje preservar sua memória, deve, então, manter sua capacidade de concentração saudável. Isso envolve um sono reparador, um nível de estresse controlado e, sem dúvida alguma, o exercício físico. Para aqueles com dificuldade, vimos que leitura, yoga e Tai Chi Chuan podem ajudar.

Abraços, Leandro

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