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Vacina Específica para Pneumonia em Idosos pode Reduzir Doença em até 75%

Sabe-se que  anualmente ocorre a campanha nacional de vacinação contra a gripe. Gestantes, crianças, pessoas de determinados grupos de risco e idosos precisam tomar a vacina, principalmente depois do susto que tomamos com a epidemia de 2009. Era plantonista naquela época e realmente foi uma situação tensa: precisávamos atender com máscara, víamos pessoas piorarem rapidamente e todos médicos se assustaram. Tomara que não se repita tão cedo!

 

 

Sobre a vacina, mesmo com aquele susto,  há ferrenha resistência de alguns idosos. Porém sabemos que ela “funciona”,  previne os idosos da gripe, diminuindo, consequentemente, riscos de desenvolvimento de doenças associadas, como até mesmo o infarto do miocárdio. Isso mesmo: a vacina da gripe está associada à incrível redução de até 30% nos casos de infarto!

Hoje, quero falar sobre outro tipo de vacinação muito importante: a contra a “Pneumonia”.

Na verdade, refiro-me a uma vacina específica contra determinados tipos da bactéria chamadas de pneumococo – Streptococcus pneumoniae.  São responsáveis por grande parte dos casos de pneumonias graves e infecções generalizadas nos idosos. Por alterações próprias do envelhecimento, somadas à doenças como bronquite e diabetes, muitos idosos são mais vulneráveis a esse tipo de infecção.

O SUS disponibiliza a vacina pneumocócia 23-valente (polissacarídica) aos idosos acima dos 60 anos acamados, aos que apresentam doenças graves cardiovasculares e respiratórias ou, então, aos que residem em instituições de longa permanências – denominação técnica para lares, residenciais de repouso e asilo, como queiram –, além daqueles internados em hospitais. Basta a solicitação do médico assistente e a vacina é feita gratuitamente (ou deveria ser!).

Existe outra vacina, mais recente, chamada conjugada 13-valente (13 v), que também protege contra o pneumococo. Ao contrário da 23-valente, ela é feita em dose única. Pode ser indicada já a partir dos 50 anos em pessoas com doenças crônicas (bronquite, asma, diabetes, problemas cardíacos, etc) ou aos 60 anos em pessoas saudáveis. Ela encontra-se amplamente disponível em clínicas de vacinas, com custo entre 280 a 320 reais.

A conduta mais correta atualmente é que se ofereçam os dois tipos de vacina  a todos os idosos. O detalhe importante é que se faz necessário um intervalo de 6 meses ou de 12 entre as aplicações(*). O ideal é que sempre seja o médico que faça essa prescrição.(4)

E aqueles com 65 anos ou mais e que não se enquadram nos critérios de distribuição gratuita do SUS?

Enquanto os critérios do Ministério não mudam, esses idosos devem procurar clínicas privadas para fazer a imunização. Vale a pena. Uma pesquisa feita em São Paulo, publicada em 2011, mostrou que a vacinação é extremamente custo-efetiva e deveria ser incentivada pelos agentes de saúde. (2) Os efeitos adversos são leves, como, do tipo eritema (vermelhidão) e dor local. Febre, dor muscular e reações locais graves ocorrem em menos de 1% dos adultos vacinados.

Quanto aos benefícios da vacina, segundo uma pesquisa feita com idosos na Espanha, cabe destacar sua efetividade, que pode chegar a mais de 75% em pacientes sem alterações imunológicas. (3) Uma revisão da Cochrane foi até mais longe, indicando uma efetividade superior a 80% (82% para doenças invasivas).

O assunto é importante, pois há muito sabemos que a pneumonia é uma das principais causas de morte nos idosos.

 

Converse com seu médico.

Grande abraço, Leandro Minozzo

Médico Geriatra CREMERS 32053 RQE 31215

 

(*) Alerta para colegas médicos: A SBIm e a SBGG recomendam a vacinação rotineira de maiores de 60 anos com VPC13, seguida, após seis meses a 1 ano, de VPP23. Para aqueles que anteriormente receberam uma dose de VPP23, respeitar o intervalo de um ano para aplicar a VPC13 e agendar uma segunda dose de VPP23 para cinco anos após a primeira VPP23.  Se a segunda dose de VPP23 foi aplicada antes dos 65 anos, está recomendada uma terceira com intervalo mínimo de cinco anos.

(1) Calendário de Vacinas do Adulto do Ministério da Saúde:

 http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21464

 (2) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3256326/

(3) http://cid.oxfordjournals.org/content/40/9/1250.full

(4) Calendário de Vacinação do Idoso (SBIm 2013/2014)

Outras referências:

 N Engl J Med. 2015 Mar 19;372(12):1114-25.

http://erj.ersjournals.com/content/early/2015/07/09/13993003.00325-2015.long

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