A Batalha Decisiva das 2 semanas: A Hora da Infantaria
A guerra contra a obesidade tem sido árdua e longa. Porém, há poucas semanas, houve uma reviravolta que será decisiva. Aproxima-se a hora da virada.
Assim como qualquer ação militar, essa guerra é formada por batalhas. Nela, em cada momento, forças especiais entram em cena. São soldados treinados especificamente para determinadas funções.
Agora, nesse confronto, é a vez de mobilizarmos todos nossos recursos de infantaria para derrotar o inimigo. Já enviamos forças potentes de cavalaria e artilharia. Agora é a hora decisiva, que fará diferença na vida de cada um de vocês.
Reconheçamos, primeiro, que nosso inimigo tem sido vitorioso sobre nosso modo antigo de lutar e tem derrotado muitos outros exércitos por aí; pessoas boas e fortes como nós, porém, que não souberam lutar. Desconheciam que estavam em guerra. Ou deixaram para combater quando tudo estava perdido, ou seja, quando doenças sérias apareceram ou a dor prevaleceu. Não encararam a obesidade como uma guerra.
Saibam, antes de qualquer coisa, que nosso inimigo tem um poder muito grande de reação.
E vocês têm lhe acertado com facadas certeiras, bombas incendiárias e com o fator surpresa. Vejam só, quem diria, hoje já estamos no sétimo encontro e vocês estão aqui perseverando. Alguns com 14 quilos a menos. Outros já andando de bicicleta. O inimigo não contava com essa surpresa. Tenho certeza disso; ela achava que vocês sempre fracassariam.
O inimigo foi alvejado, sangra, mas acredite: ele vai reagir. Os americanos perderam a guerra do Vietnã justamente porque não contavam com o contra-ataque do inimigo. Escondidos, aos poucos, em emboscadas, os vietcongues minaram os americanos… o inimigo obesidade mandará seus vietcongues para dominá-los também em emboscadas, podem ter certeza. Mas não estamos em nenhuma selva e os inimigos não surgirão de túneis secretos; eles virão disfarçados de fast-food, festinhas e sentimentos de baixa auto-estima. Os inimigos não surgirão de dentro de troncos de árvores, mas de dentro de armários, de geladeiras das suas casas ou de restaurantes. Virão atacar à noite e no meio da tarde.
A falsa-fome, o desânimo, a perda da esperança e do foco… voltarão com tudo. E isso pode destruir o moral de sua tropa, criar o pânico da falta de controle, da falta de liderança. Cuidado, comandante. Cuidado.
Há poucas semanas, começamos a guerra enviando os soldados da cavalaria. Espionamos nosso inimigo e seus combatentes. Agora sabemos como eles agem, quais são suas armas e mais: quando eles escolhem para nos atacar. Hoje, sabemos em quais momentos eles vêm ao nosso encontro. Sabemos que eles conhecem nossas fraquezas e momentos de vulnerabilidade – tristeza, estresse, raiva com os outros e ansiedade. Além de fazer o reconhecimento das forças alheias, já enviamos, desde o começo do tratamento, soldados cavalarianos valentes, que em meio à batalha, sangraram as forças estratégicas do oponente. O soldado inimigo que usava a metralhadora .50 da compulsão alimentar sobre nossas vidas já foi alvejado, ele está tonto. Vimos, e a balança nos tem mostrado, que a cada dia que essa potente arma do inimigo fica desocupada, sem ninguém apertando o gatilho e fazendo barulho, mais conseguimos avançar nossas tropas e menos perdas vamos tendo. Cada compulsão driblada nos fortalece. Cada fraquejada, mata nossos soldados e nos faz retroceder muitos metros. Afinal, são dias até retomar o controle alimentar.
Nossa artilharia também já foi acionada e mostrou precisão em reduzir o estímulo contínuo da falsa sensação de fome. Nossos canhões foram certeiros em liquidar com a fonte de carboidratos chamados de calorias vazias, aqueles que só induziam nossos soldados a errar mais e mais e a perder o controle. Conseguindo controlar a falsa-fome e fazendo escolhas corretas, nossos soldados passaram a se sentir capazes de vencer. Sentem-se fortalecidos e, pela primeira vez, no controle de suas ações. Paramos de tremer em frente a tentações e comida já não é o foco principal de nossas vidas.
A obesidade já não é mais um inimigo invencível. A estratégia está dando certo para muitos.
Agora, no entanto, é o momento de enviarmos nossa infantaria ao campo de batalha. Hora de dar partida nos carros de combate cheios de soldados valentes e com conhecimento sobre si próprios. Soldados assertivos, bem informados e que não desejam mais usar a comida como bengala.
Lembrem-se: por mais animados que esses soldados estejam, eles precisam sempre de um comandante. De alguém que use a ferramenta mental que recebemos de presente. Nosso lobo frontal. Aquilo que nos torna humanos e nos diferencia dos ratinhos de laboratório ou de répteis. Eles não tem a oportunidade de resolver um problema e enfrentar uma batalha. Nós, humanos, temos essa capacidade, todos temos. E nossos soldados precisam que usemos esses recursos de controle. Eles precisam de comando.
Insulina, hormônios da fome, termogênese… lembre-se que o uso da mente é maior do que tudo isso para controlar a fome e induzir a necessária saciedade. A guerra é quase toda ela tratada dentro da mente de vocês. O inimigo está aí dentro, num canto. Os teus soldados valentes, em outro.
Você agora está sendo nomeado o comandante da sua infantaria na batalha contra a obesidade.
A infantaria resume toda nossa capacidade, toda nossa foça para liquidar o inimigo e vencer. Ela destruirá o que restou do oponente, fixará nossa bandeira da conquista e permitirá avanços. Nossas tropas só conseguirão avançar definitivamente se o trabalho da infantaria for bem feito. O segundo passo do tratamento para emagrecer, ou seja, fazer exercícios e ter uma dieta controlada de verdade, depende da conquista territorial e da derrota do inimigo. O inimigo só pode ter dois destinos: a morte ou a prisão. Ou vocês acabam com os comportamentos destrutivos que lhes deixaram no peso atual ou aprendem a aprisiona-los, deixando-os sob supervisão permanente, controlados.
Não há como fazer uma meia luta.
Não podem restar soldados adversários munidos de canhões, bazucas ou metralhadores no alvejando, porque ainda somos um exército inexperiente e temos fraquezas. Além disso, viemos de anos de batalhas perdidas, nossos soldados cansam rapidamente. A hora de vencer é justamente agora. Vocês estão próximos, perto do sucesso.
Já assustamos o inimigo. Podem ter certeza.
Já temos conhecimento da guerra. Já começamos a dizer não e a viver comendo menos.
Mas não esqueçamos da outra potente arma do inimigo: a comunicação. Numa estratégia persistente, ele planta nas cabeças de nossos soldados mensagens e símbolos desconexos, semeando desesperança e perda de foco. Essa tem sido a arma mais fatal do inimigo. Ela desorganiza e desregula a auto-estima. Só que agora sabemos como lidar com essas mensagens que nos trazem confusão. Temos o escudo para essas armas, e eles são a perseverança, o auto-conhecimento, a assertividade e a auto-compaixão.
Saibam que a cada 2 quilos perdidos, são 2 quilômetros de terreno que o inimigo perdeu e que vocês conquistaram. O campo de batalha é curto, tem só mais 10 quilômetros. Nesse território importante que está em disputa, vocês poderão reerguer uma nova cidade. Vencendo a batalha, aquele novo EU poderá ser edificado. O inimigo obesidade costuma encurralar pessoas em pequenos e poucos espaços: a casa, o carro, a mesa de trabalho, o elevador. A versão melhorada de vocês precisa de espaço, de território conquistado na batalha. Essa versão melhorada de vocês preserva todas as virtudes que lhes caracterizam, porém com bem menos cansaço, oscilação de ideias e humor, sentimento de vitimização; com menos sensação de perda de controle sobre algo que os outros controlam bem: a alimentação. A batalha dará a chance para vocês serem pessoas melhores, por que não? Pessoas aptas a realizar sonhos.. e a fazer escolhas sustentadas.
O inimigo estava até há pouco tempo surrando vocês. Muitos já haviam concordado em se tornar prisioneiros de guerra. Já haviam abdicado de ter qualidade de vida. Muitos já estavam quase levantando a bandeira branca da rendição… o que aconteceria? Como seria viver o resto da vida presos, sofrendo das piores formas possíveis os efeitos de uma doença que envolve o controle sobre as nossas próprias ações? O inimigo seria benevolente e nos manteria vivos por muito tempo? Ou mandaria um infarto, uma dor diária, uma dor debilitante nos joelhos, um derrame que paralise uma das metades de seus corpos ou mesmo um câncer para nos fazer sofrer ainda mais? Ou nos fuzilaria? Ele é terrível, tem destruído a vida de milhões de pessoas… coitados, não sabiam que estavam em guerra.
Digo, que se você tem feito ataques ao inimigo e chegou até aqui, você não quer ser prisioneiro de guerra muito menos fuzilado. Você quer vencer. Você quer emagrecer. Você quer experimentar pelo menos um ano vivendo com mais energia e sentindo orgulho de si mesmo.
O inimigo não é imbatível. A fraqueza dele é justamente quando o atacamos com uma infantaria organizada e responsável.
Muitas outras tropas já o derrotaram com um ataque de infantaria perseverante. Conheço os vitoriosos e eles são pessoas como vocês. Eles conseguiram porque souberam impor moral aos seus soldados. É agora, nesse momento, com o uso dos soldados da infantaria, com a liderança de um comandante firme, que a batalha é decidida. O soldado é um filho do qual conhecemos seu potencial e não queremos jamais que se torne prisioneiro de guerra, que passe os anos presos, limitados, lamentando ou com dor. Fale com seus soldados. Diga-lhes que são capazes. Diga-lhes que você irá emagrecer.
Comandante, esse EU melhor de vocês e seus soldados infantes precisam de firmeza e valentia.
Saibam vocês que a infantaria funciona no princípio do FOGO e MOVIMENTO.
FOGO para derrubar e enfraquecer o inimigo – a falsa vontade de comer, o uso da comida como única forma de obtenção de prazer, o desleixo, a procrastinação, o senso crítico exagerado consigo mesmo. Fogo para liquidar o inimigo. Nas minhas contas, cada um de vocês precisa derrotar 3 desses inimigos. Anotem isso.. 3 inimigos para derrubar logo, começando hoje. Para isso, lembrem-se de atirar no peito desses soldados que serão enviados para acabar com seus planos: a acomodação, o merecimento para comer doce, a vontade de ficar no sofá… atirem. Ataquem para liquidar; lembrem-se da dor em ambos os joelhos e usem essa dor intensa como motivação para enfrentar, lançar fogo sobre o inimigo. Seja cruel e decisivo. Implacável. A cada inimigo desses que vocês eliminarem, a cada dia, os seus soldados ficarão mais otimistas e menos cansados. Novos soldados se alistarão em seu exército e, com isso, sua infantaria e você se fortalecerão e finalmente vencerão. A obesidade precisa ter medo é de vocês.
Na estratégia de guerra, o MOVIMENTO serve para tirar de vocês o melhor. Movimento para queimar energia acumulada e permitir que os seus soldados avancem. Movimento para tomar posse de novos terrenos, novos espaços. Estar na posição de planejar as refeições ou matriculado numa academia é, antes qualquer coisa, um espaço. Movimentem-se para conquistar espaços. Movimentem-se para experimentar momentos de vitória. Movimentem-se para bem longe das desculpas esfarrapadas.
Escutem bem: essa fase da batalha precisa de pelo menos 2 semanas de dedicação árdua.
Perder trará muita dor e uma sensação de fracasso que precisa ser eliminado de vez das suas vidas.
Vocês querem vencer. 2 semanas é um tempo curto, mas serão decisivas. Esqueça finais de semana, festas, reuniões… se tiver capacidade, vá nesses eventos. Mas vá em clima de guerra. Se achar que não vai resistir, espere o fim das 2 semanas.
Informo que, aos poucos, me afastarei do conselho de guerra de vocês. Tenho muitos comandantes que vem sendo surrados pela obesidade para orientar e muitos e muitos que foram derrotados de vez pela doença, que vivem prisioneiros de dor, falta de ar e tristeza. Para eles, posso levar apenas alívio temporário. O destino deles já foi traçado e não tem mais volta: perderam a guerra para o excesso de peso. Olho em seus olhos e não vejo mais brilho.
Quando olho no de vocês, vejo luz, vejo vontade. Seus destinos estão em aberto.
A partir de agora, cada um será o comandante responsável pela fase mais difícil da batalha.
É o teste de comando de vocês.
Comandante, lembrem-se de valorizar os esforços dos soldados e de vocês. Lembrem-se dos motivos pelos quais vocês decidiram emagrecer. Lembrem-se sempre que vencer o inimigo fará vocês mais felizes e aceitos por vocês mesmos.
Vençam essa batalha das 2 semanas!