Menu fechado

Esteatose hepática: não banque o pato (ou o ganso).

Olá. Boa tarde. Tudo bem?

O assunto de hoje é uma doença de nome diferente: esteatose hepática. Trata-se de um dos temas mais estudados recentemente, pelo crescimento no número de pacientes que a apresentam e pelos danos a ela relacionados. Tamanha é a  novidade do assunto, que alguns médicos ainda não consideram a condição do “fígado gorduroso” – característica da esteatose –  como uma doença. No entanto, é sim uma doença, e suas consequências vão desde a diabetes e síndrome metabólica, passando pelo câncer até chegar à cirrose, que significa a
falência do fígado.

Assusta a esteatose hepática pelos danos que pode causar e pelo fato de acometer entre 15 a 45% da população de países desenvolvidos (Estados Unidos, em especial). Na prática diária, como médico clínico geral, em pacientes com sobrepeso ou obesos, acredito que não ficamos tão distantes desses números. E, o pior, até mesmo em adolescentes.

As causas de fígado gorduroso são diversas. Uma, bem conhecida, é o consumo de álcool. Outra, é a infecção por algum vírus de hepatite. Questões genéticas e uso de certos medicamentos também podem contribuir. Porém, o que ainda não é senso comum é o fato da
superalimentação, do excesso de comida, ser um dos grandes vilões
nessa história. Aos poucos, com  erros alimentares e falta de
atividade física, o fígado sobrecarrega-se, não conseguindo mais
manter-se saudável, colapsando-se em gordura.

Sabe-se que alimentos, entre eles sucos e refrigerantes, ricos em frutose, estão muito relacionados a essa condição. Cuidado com o excesso de sucos adoçados em caixinhas… eles são especialmente ricos em frutose. Muitos acham que estão fazendo bem ingerindo sucos e mais sucos, quando na verdade extrapolam o limite de frutose e acabam se prejudicando.

Na esteatose hepática, acontece com os humanos um processo semelhante ao que fazem com gansos ou patos, para obter a iguaria da culinária francesa o foie gras (fígado gorduroso). Em determinada fase da criação desses patos ou gansos, um tubo de 20-30 cm é inserido no esôfago e os animais são alimentados diversas vezes ao dia em grandes quantidades (até quase 1 kg ao dia, por um sistema a ar que injeta comida à força). O resultado é o imediato acúmulo de ácidos graxos no fígado das aves, que, então, cresce até 10 vezes o tamanho normal. Defensores dos animais conseguiram proibir essa prática em diversos países, por a considerarem demasiada cruel… (http://www.nofoiegras.org/)

Grande parte dos portadores de esteatose hepática não apresenta sintomas, ou quando sente alguma coisa, são queixas muito vagas, inespecíficas. Dores no lado direito superior do abdome, cansaço e dificuldades de digestão são as queixas apresentadas.  Os pacientes costumam descobrir que seu fígado está se deteriorando quando fazem
ecografias ou tomografias para investigar outras doenças.

“Doutor, o que é isso que apareceu no exame: esteatose hepática moderada?”

Agora, você já não precisa mais se contentar com uma resposta dizendo que não é nada, ou que é algo para não se preocupar.

Esteatose hepática: aí está mais um daqueles sinais de alerta para uma mudança urgente no estilo de vida.

Vá atrás. E tente acabar com essa crueldade com o seu próprio fígado…

Saiba mais em: http://www.hepcentro.com.br/esteatose.htm

http://emedicine.medscape.com/article/175472-overview

http://www.sbhepatologia.org.br/publico/?esteatose-hepatica

Abraços,  Leandro Minozzo

Post relacionado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Agendar Consulta