Olá!
Todos os sábados reservo pelo menos duas horas para estudo de assuntos relacionados à saúde. Hoje, a pergunta que tentei responder foi “quais são as estratégias mais eficientes, cientificamente comprovadas, na perda de peso sustentada?”. Ano passado já havia feito um levantamento semelhante, no entanto, decidi que é importante estar vigilante para novas tendências sobre o tratamento dessa cada vez mais presente doença, a obesidade.
Acho importante deixar claro o que significa uma perda de peso sustentada. Há uma pequena divergência entre conceitos de sucesso nesse tratamento: referências mais antigas referem que ela se dá com a perda de 10% do peso corporal e ela seja mantida por pelo menos 1 ano; recentemente, há alguns considerando que a perda de 5% já é considerada como bem-sucedida. Já no aspecto da necessidade de mantê-la por pelo menos 1 ano, não há qualquer divergência.
No consultório, costumo focar os 10%.
Sobre o estudo de hoje, o encerro satisfeito – por estar no caminho correto com os pacientes – e entusiasmado em continuar com o foco na combinação entre educação e o acompanhamento intensivo.
Veja os motivos que me despertaram esses sentimentos.
Em 2005, no American Journal os Clinical Nutrition, Rena Wing e Suzanne Phelan publicaram uma revisão que apontou as seis estratégias de sucesso para a perda de peso no longo prazo. Quais seriam elas?
- Aderir a altos níveis de exercício físico;
- Seguir uma dieta de baixa calorias e teor reduzido de gorduras (passados 10 anos, há certa contestação quanto à questão das gorduras);
- Ter o hábito do café da manhã;
- Auto-monitoramento do peso, de forma regular;
- Manter um hábito alimentar constante;
- Encarar as falhas na dieta de maneira adequada, para que elas não se transformem em períodos maiores de erro.
O que penso em relação a esses apontamentos? Estão corretíssimos! Principalmente na questão de foco no exercício físico regular quando se pensa na perda de peso a longo prazo e no último ponto: saber lidar com eventuais erros alimentares, as famosas escapadas. No tratamento que proponho, são temas que ganham destaque.
O outro estudo de revisão sobre o tema é bastante recente, agora de 2016, e foi desenvolvido por pesquisadores italianos. Ele foi publicados no periódico Diabetes, Metabolic Syndrome and Obesity: Targets and Therapy. Nessa revisão, aspectos como envolvimento em atividades educacionais, uso de medicações para obesidade, consideração de aspectos psicológicos dos pacientes, satisfação com o resultado e foco também em saúde complementam as estratégias do estudo anterior.
Dessa completa revisão, outra característica relacionada ao sucesso na perda de peso foi a construção de uma aliança terapêutica. Considero esse aspecto fundamental para o acolhimento e tratamento de pacientes com sobrepeso e obesidade. Sobre aliança terapêutica, ela compreende duas faces complementares: a relação médico-paciente, no viés humanista de escuta ativa e empatia, e a relação entre diversos profissionais de saúde – ou seja, a verdadeira interdisciplinaridade. Ela diz respeito à atitude do médico em propor e incentivar a troca de informações e condutas com colegas de outras especialidades e também com psicólogos, psiquiatras, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos.
Habituei-me desde o começo do consultório a dividir o cuidado com outros profissionais porque o atendimento de idosos precisa ser feito dessa maneira. Nos últimos anos, quando passei a atender pessoas que buscam perder peso, transferi esse conceito de aliança terapêutica para a nutrologia.
Encerrando esse breve post, permito-me deixar as estratégias que considero eficientes para a perda de peso saudável, ou seja, aquela que se sustenta em preceitos médicos seguros e visa a saúde do paciente no longo prazo.
Ai vão elas:
- Associar exercícios físicos regulares a uma dieta de baixa caloria
- Diagnosticar e tratar transtornos mentais descompensados ou erros cognitivos que levem ao ganho de peso
- Participar de atividades de educação nutricional em grupos
- Adesão ao tratamento medicamento quando proposto
- Foco na saúde integral
- Compreender as reações que envolvem o comportamento alimentar, como as armadilhas ou as compensações
- Procurar um profissional especialista e com a capacidade e interesse de fazer a aliança terapêutica com o paciente e outros profissionais
- Pesar-se a cada 2 dias
- Reforço positivo com resultados alcançados não só em quilos perdidos
- Aprender a planejar as refeições
- Tomar café da manha
- Reduzir ao máximo sobremesas e abusos de bebidas alcoólicas
Deixo esses caminhos tanto para pessoas que desejam encarar o sobrepeso e a obesidade quanto para profissionais da saúde guiarem suas condutas.
Fica, do pesquisado e aqui relatado, a certeza da obesidade e o sobrepeso serem condições que podem ser enfrentadas. Muitas pesquisas têm mostrado os caminhos.
Um grande abraço,
Leandro Minozzo, médico nutrólogo, pós graduado em geriatria e mestre em educação