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Práticas Psicoeducativas Promotoras de Sentido da Vida Voltadas a Idosos com Depressão

 

No final do mês passado, ocorreu a banca de defesa da dissertação de Mestrado em Educação, no UNILASALLE, de Canoas-RS. Uma mistura de sentimentos muito bons tomou lugar – não apenas aquele inevitável de alívio pelo término de algo que tu vem há dois anos batalhando. Falo de alegria, da reafirmação das motivações que me lançaram ao desafio – que na época me assustava por ser uma outra área de conhecimento -, da gratidão e da responsabilidade que passaria a adquirir dali em diante,  em tornar os resultados encontrados úteis, assim como a de ter um título numa área tão nobre e carente em nossa sociedade como é a da educação.

Há uns meses um paciente muito atencioso me trouxe umas anotações existenciais às quais havia chegado. Um de seus pontos era sobre os ciclos da vida. Como se retornássemos para alguns lugares, sentimentos ou atitudes periodicamente. Na época me peguei pensando a respeito do assunto, conclui que, pela pouca idade, ainda não teria exemplos tão claros para sustentar com tanta ênfase essa percepção cíclica da vida. Trago isso porque vivi algo curiosamente cíclico nos últimos anos como mestrando e o momento da banca foi um marco: fiz o mestrado exatamente no mesmo prédio onde foi alfabetizado há 22 anos. A defesa foi numa quarta-feira e, no dia seguinte, foi o aniversário de 100 anos do Colégio Militar. Ali eu estava revendo dezenas de ex-colegas, de amigos e de ex-professores 11 anos depois. Ciclos, Leandro. Ciclos.. me disse o paciente… aí estão..

Mas ao abrir o texto pretendia postar o resumo da dissertação e acabei dando umas voltas… me permito só mais uma, sobre a gratidão que mencionei antes.. Ela se refere muito ao apoio da família, como pessoas que me aturam com uma paciência enorme e são exemplos fortes de que estudar vale a pena, e também ao incentivo dos amigos e professores.. só que nesse caso, a gratidão voltou àquela época da alfabetização. Sou muito agradecido aos irmãos lassalistas por terem me dado um apoio fundamental nas séries iniciais. Fui alfabetizado ali com uma bolsa de estudos. Lembrando do impacto dos pequenos fatos em nossos destinos… Se o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo… Essa ajuda dos irmãos lassalistas tem um valor inestimável.

Formas como os pacientes encararam a depressão

Resumo

O envelhecimento populacional em nosso país, assim como o aumento em condições que são fatores de risco para depressão – solidão, empobrecimento, comorbidades, entre outras – resultam num crescente número de idosos com a doença. Apesar dos avanços terapêuticos e na redução do estigma relacionado à saúde mental, um número significativo de idosos acaba não recebendo diagnóstico ou tratamento adequados. E, quando recebem, grande parte desses idosos ou não responde ao tratamento, ou acaba recidivando com a doença. Estudos apontam que o sentimento de sentido da vida está relacionado ao bem-estar mental, redução no surgimento de doenças, servindo como fator protetor para doenças, entre elas, especialmente, a depressão. O psiquiatra austríaco Viktor Frankl é o criador da terapia do sentido da vida, chamada também de logoterapia. Em relação a aspectos psicológicos na terceira idade, destaca-se Erik Erikson com seus conceitos de geratividade e integridade. No campo da saúde mental, estudos apontam para a necessidade e benefícios em se tentar educar o paciente em relação a aspectos de sua condição de saúde, da doença mental que o aflige, formas de tratamento e prevenção – abordagem essa denominada psicoeducação. O presente estudo tem por objetivo principal investigar os espaços para práticas psicoeducativas em idosos com depressão tratados em consultório médico privado na cidade de Novo Hamburgo – RS. O caminho metodológico escolhido foi a pesquisa qualitativa, através de estudo de caso, com uso de questionário com perguntas abertas. Os dados foram analisados através da técnica de análise de conteúdo segundo Bardin. Participaram da pesquisa 8 idosos, sendo 6 mulheres, com idades entre 61 e 90 anos. Os aspectos éticos foram seguidos conforme comitê de ética da instituição. As categorias que se destacaram como espaços para práticas psicoeducativas promotoras de sentido foram o cuidar do próximo, ocupação, espiritualidade e religiosidade e a responsabilidade.

 

O último parágrafo da conclusão aponta para uma questão muito importante levantada pelos idosos participantes: a relação médico-paciente como espaço educativo…

(…) Por último, considero importante destacar a disponibilidade que os idosos participantes mostraram em fortalecer sua relação com o médico que lhe assiste. Procurar o médico foi uma categoria importante quando  perguntado qual o posicionamento do idoso quando da depressão, assim como ao médico também foi atribuída a função de mediar as questões psicoeducativas – demonstrado no questionamento quinto. Parece que nas respostas, os motivos que me fizeram iniciar essa pesquisa emergiram. Não vejo como ser médico de idosos, em especial de idosos em situação tão vulnerável quanto aqueles deprimidos, sem compartilhar dos pensamentos humanistas de Frankl, Freire, Mounier e Rogers.

Um abraço!

Leandro Minozzo

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1 Comentário

  1. Tania

    Leandro,
    Parabéns muito bom o que li. Vc sabe acredito e torço muito por vc. Ser um bom médico não eh apenas medicar, mas tbm entender o paciente, ser carinhoso com o mesmo que está debilitado física e espiritualmente. Muitas vezes um pequeno diálogo já um dos melhores remédios. O paciente deve acreditar e confiar. Parabéns vc sabe o quanto te amamos e torcemos por vc, para que teus estudos frutifiquem cada vez mais. Um grande beijo no teu coração.

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