Há pessoas para as quais a prescrição de dietas não funciona. Há pessoas que cada vez ganham mais peso, apesar de terem tentado de tudo para superar essa limitação.
Há pessoas envergonhadas e entristecidas com a forma como se alimentam.
Desleixadas? Sem auto-crítica?
Bem pelo contrário. Elas costumam se criticar em excesso. São implacáveis consigo mesmas.
Pelo menos um em cada três obesos que procuram atendimento sofrem de uma doença que envolve dificuldade em controlar o comportamento alimentar. Ela se chama Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica – TCAP. Não se trata de qualquer modismo ou nova doença, uma vez que foi descrita ainda na década de 50 e desde 1994 consta nas diretrizes americanas de doenças mentais (DSM). Apesar disso, percebo uma número grande de pacientes sem o diagnóstico.
Leia abaixo uma adaptação do que dizem as diretrizes americanas sobre o TCAP (DSM-V).
São características da doença:
A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado por ambos os seguintes critérios:
1. Ingestão, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de 2 horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares;
2. Um sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come)
Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:
1. comer muito e mais rapidamente do que o normal;
2. comer até sentir-se incomodamente repleto;
3. comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto;
4. comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome;
5. sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente
Além disso, no transtorno há acentuada angústia relativa à compulsão alimentar. Para dizer que há um problema, a compulsão alimentar deve ocorrer, em média, 1 dia por semana, durante pelo menos 3 meses. Por fim, destaca-se que a compulsão alimentar não é associada com o recorrente uso de comportamentos compensatórios inapropriados como na bulimia nervosa e não ocorre exclusivamente durante o curso da bulimia nervosa ou anorexia nervosa.
O tratamento é complexo? Com certeza.
No entanto, ele envolve um aspecto simples: a aceitação de que se tem a doença. Sem esse começo, nunca haverá o fim do efeito sanfona e da frustração. Há de se fortalecer a pessoa e interromper um ciclo de auto-destruição.
Pense um pouco nesse assunto. Será que você não tem essa doença? Ou alguém de seu convívio.
Grande abraço,
Leandro Minozzo