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Como abordar familiares de idosos com depressão?

Artigo publicado no livro “Um novo envelhecer: tempo de ser feliz” (WS Editor, 2012)

Depression

Com o crescimento do número de idosos na sociedade – a cada ano são 800 mil pessoas entrando nessa faixa etária no Brasil. Aumenta também o número de idosos acometidos por uma doença complicada, difícil de entender, chamada depressão. Colaboram para esse aumento a viuvez crescente, as perdas, a falta de opções de lazer, o empobrecimento na velhice e as difíceis relações familiares. Mas como e o que falar com um pai, mãe ou esposo deprimido? Será que ao invés de incentivá-lo, de ajudá-lo, eu não estaria tornando as coisas ainda piores? Por essas dúvidas frequentes e pelas situações vivenciadas no consultório, proponho esse tema para reflexão.

O que mais presencio no dia a dia são familiares extremamente incomodados com o estado depressivo do seu parente (o que é normal) e que muitas vezes, ao tentar ajudar, usam frases que provocam culpa no doente, ou mesmo, falam de uma “vontade” de estar doente: “ele não se ajuda”, “ela sempre faz isso para chamar atenção”. A expressão facial dos idosos deprimidos, nesses momentos, acaba ficando pior, quando não os levam às
lágrimas. Antes de tudo, é interessante que os familiares busquem informações sobre a doença. Entendendo as causas, os sintomas e as formas de tratamento, os familiares poderão ajudar muito, sendo, inclusive, extremamente necessários no processo de cura
e prevenção de recaídas.

Nessa linha de entender o que é a doença, é importante que os familiares compreendam o que se passa na cabeça de quem sofre depressão. Diferentemente de uma pessoa sem a doença, o deprimido processa as informações de
um jeito um pouco diferente, numa lógica bastante pessimista.

É o que Aaron Beck chama de Tríade Cognitiva da Depressão, que é o conjunto de crenças negativas que permeiam as ideias do doente. Assim, ele pensa:

  • Sobre si mesmo – autocrítica exagerada, sentimentos de desvalorização, ou seja, uma visão muito ruim sobre a própria pessoa;
  • Sobre o mundo a sua volta – o pessimismo toma conta em relação a tudo que é tentativa, plano, futuro. Ele tem a certeza de que as coisas não darão certo;
  • Sobre o futuro – encara como um lugar sombrio devido à antecipação de frustrações, catástrofes e dor.

Além disso, há na pessoa adoecida erros de julgamento ou pensamento, onde as mensagens que chegam até ela são interpretadas erroneamente, com exagero e fatalismo. Por isso a delicadeza do assunto escolhido. Ao, na melhor das intenções, tentarmos motivar um idoso, podemos facilmente estar passando uma mensagem que, em seu pensamento, será interpretada como algo que contribui para piorar seu estado geral.

Veja um exemplo: “Mãe, a senhora precisa se ajudar”, poderá ser entendida como: “Sou um transtorno para minha filha. Eu só atrapalho.” E por aí vai. É natural e esperado que nos angustiemos ao ver uma pessoa querida por nós em estado de sofrimento mental, assim como o é normal que tentemos fazer algo. Só que prestar atenção para detalhes como os mencionados acima poderá fazer toda a diferença. O suporte familiar é fundamental na cura e na prevenção de novos episódios da doença.

Converse com o médico ou psicólogo. Saiba como você poderá ajudar.

Abraços, Leandro Minozzo

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