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Aposentadoria: “Seríamos loucos se perdêssemos essa chance.”

Pela primeira vez na experiência humana, temos a oportunidade de moldar nosso trabalho para que se ajuste à maneira como vivemos em vez de ajustar nossas vidas ao trabalho […] Seríamos loucos se perdêssemos essa chance.
Charles Handy

 

As frases acima, do conceituadíssimo guru da administração Charles Handy, quando encaixadas na nova visão de aposentadoria (aquela adaptada aos novos tempos, aos novos idosos) ganham ainda maior profundidade. Hoje, 2015, adultos na meia-idade e idosos têm diante de si a chance de, pela primeira vez na história, equacionar qualidade de vida com a carreira de uma maneira muito saudável e produtora de sentido e plenitude. Quando falo em carreira, pode ser a continuidade de uma mesma profissão, o voluntariado ou até mesmo algum tipo de reinvenção. Mas e aquela história de descansar, de ficar em casa, de curtir a televisão por assinatura? Pode acreditar: quase ninguém mais quer isso para si. As pesquisas apontam que 76% dos brasileiros desejam continuar a trabalhar após sua aposentadoria; quase um em cada cinco relatam que jamais pretendem parar. Se você ainda não percebeu, aposentar-se adquiriu outros significados.

Porém, trata-se de um momento crítico e estressante na vida de todos. Mesmo sabendo que há riscos diversos – desde o ganho de peso até o aumento no risco de depressão e até de divórcios –, poucas pessoas se preparam para enfrentar essa mudança. Cá entre nós, as pessoas ao nosso redor – para não falar de nós mesmos – costumam viver sem muito planejamento, sem cuidar da saúde como deveriam, sem prestar atenção às relações. A aposentadoria, porém, é extremamente rigorosa. Caso tudo que se idealizou não encontre amparo num planejamento bem feito e testado, os problemas inevitavelmente tomam conta.

No consultório deparei-me com dezenas de pacientes cujas vidas haviam se acinzentado após o fim do ciclo profissional. Eram pessoas sem problemas financeiros, tinham filhos bem encaminhados, o casamento não ia mal, no entanto… sentiam o cruel sentimento de vazio existencial. Na lista de problemas, ao final da anamnese – a entrevista médica – passei a rabiscar “aposentadoria fracassada”, tal qual fosse uma doença a remediar. Ao longo dos anos, pesquisei e entendi um pouco mais sobre essa “síndrome”.

No final do ano passado, resolvi transformar uma das palestras sobre preparação para aposentadoria em livro. Recentemente, o publiquei. Nele, apresento sete caminhos (entre eles: família, saúde, atividade e aprendizagem) para o tratamento e, o mais importante, prevenção da “aposentadoria fracassada”. Sinceramente, fico muito feliz em ter conseguido construir um texto simples, porém que provoca o leitor e lhe ajuda a refletir sobre sua trajetória.

Além desses caminhos, existem duas características que considero fundamentais para uma aposentadoria, logo terceira idade, vivida com felicidade. Refiro-me à flexibilidade e à vitalidade. A primeira remete à resiliência e se faz necessária na medida em que a vida demanda uma capacidade de adaptação cada vez maior ao longo dos anos. A segunda, porque as atitudes que levam à velhice bem-sucedida exigem energia, fôlego, disposição. Adotando posturas rígidas e cansado ninguém consegue aproveitar bem a aposentadoria. E de que forma aprimorar essas características? Cuidando bem da saúde, cultivando e procurando novas relações sociais enriquecedoras, voltando a aprender e tentar aceitar e compreender o mundo ao redor.

Acredito que a aposentadoria hoje pode ser considerada um bônus e aqueles que tiverem a perspicácia de aproveitá-la poderão ter na terceira idade o grande momento de suas vidas.

Abraços, Leandro Minozzo

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