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E quando tirar o glúten não resolve?

A interface entre a Doença Celíaca, a Sensibilidade ao Glúten Não-celíaca e a Síndrome do Intestino Irritável.

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Um número significativo de pacientes celíacos em dieta sem glúten (DSG) persiste com sintomas desconfortáveis. Com isso, muita vezes, acabam desacreditando no propósito em mantê-la e desistem. Quais seriam as explicações para a DSG não funcionar nesses casos?

É justamente sobre esses casos que trago o post de hoje.

Antes de entrar no ponto que pretendo trazer como “novidade”, acho importante destacar que as pesquisas apontam a má-adesão à dieta como a principal causa de persistência dos sintomas, seguida de causas também necessárias de lembrar: o erro diagnóstico (ou seja, a ausência da doença celíaca), a disbiose, o supercrescimento bacteriano no intestino e a giardíase.

Mas e quando a DSG é feita rigorosamente?

Olha que interessante: estudos apontam que 38% dos celíacos em tratamento continuam apresentando sintomas compatíveis com aqueles da Síndrome do Intestino Irritável (SII), ou seja, frequentemente sentem dores abdominais, alterações no trânsito intestinal – com diarréia, fezes mal formadas ou constipação -, gases e estufamento. Para esses pacientes, fazer a dieta e persistir com sintomas é extremamente confuso, principalmente quando fazem a dieta restritiva com todo o cuidado possível.

Da população celíaca, estima-se que até 23% preenchem os critérios para o enquadrá-los como portadores também da SII.

Hoje, o diagnóstico e tratamento da SII encontram-se num patamar diferente: até há poucos anos, não havia muitas perspectivas de resolução dos sintomas, atualmente, com a consolidação da abordagem FODMAP, há, sim, perspectivas animadoras. No final da década de 90, pesquisadores australianos foram atrás do maior entendimento da SII e chegaram à abordagem FODMAP, na qual são identificados, através de uma dieta de exclusão, açúcares de difícil digestão pelos portadores da SII. Trata-se de um acrônimo para Oligossacarídeos (fructanas, galactossacarídeos), Dissacarídeos (lactose) e Monossacarídeos (frutose) e Polióis (sorbitol e manitol) Fermentáveis.

Os resultados da abordagem vêm animando pesquisadores e, atualmente, todos os importantes periódicos científicos já publicaram pesquisas e revisões sobre o assunto. O resultado médio da redução dos sintomas fica em torno de 75%.

Acredito que grande parte da resposta para os pacientes celíacos que não conseguem “a cura” através da dieta sem glúten se deve à concomitância da DC com a SII.

No caso da Sensibilidade ao Glúten Não-celíaca, um ponto de contato importante com a SII é justamente a presença de fructanas no grão de trigo (até 2,5%). Como mencionei há pouco, as fructanas fazem parte dos oligossacarídeos dos FODMAP. O paciente pode ter problemas com o trigo, em especial, mas não por causa do glúten (proteína), mas devido a um açúcar presente no grão e caso não se reconheça essa intolerância, os sintomas persistirão.

O texto teve por objetivo alertar aos celíacos e àqueles que fazem a dieta sem glúten e persistem com sintomas para a presença de uma outra condição (SII). Surpreendentemente, uma maça, o mel, o feijão ou o pimentão podem ser os responsáveis, os vilões.

Em breve publico um resumo de como se chega ao diagnóstico através da abordagem FODMAP e o que dizem os especialistas sobre o diagnóstico da Sensibilidade ao Glúten Não-celíaca – acredite, não são tarefas fáceis!

Reforço sempre que qualquer atitude em relação à restrição alimentar seja supervisionada por um nutrólogo ou gastroenterologista, em parceria com nutricionistas. Sempre.

Aos interessados, já deixei postagens e uma aula sobre o assunto.

Um grande abraço,

Leandro Minozzo

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