A suplementação alimentar em pessoas idosas tem sido assunto muito frequente. Enquanto especialista, deixo algumas orientações para colegas e familiares para que se consiga obter os melhores resultados, sem riscos e sem jogar dinheiro fora.
1 – Primeiro passo: avaliar qual a indicação da suplementação. Para isso, são necessárias duas perguntas bastante objetivas:
ela é necessária?
por quanto tempo e quais objetivos?
2 – Normalmente, qual a regra para indicar suplementação calórico-proteica em idosos:
A suplementação nutricional é indicada nos casos em que a ingesta calórica seja menor que 70% das necessidades diárias nos últimos 5 dias.
3 – Suplementos não são todos iguais. É preciso escolhê-los conforme os objetivos, que costumam ser:
Garantir o total de calorias (energia);
Garantir o total de proteínas ao dia;
Garantir tanto energia quanto proteína;
4 – Há 7 aspectos importantes que devem ser considerados na relação paciente-suplemento:
- Paladar (idosos podem achar o sabor muito enjoativo, por isso o rodízio ou as fórmulas sem sabor são indicadas);
- Presença de lactose (muitos idosos são intolerantes ou absorvem mal esse tipo de açúcar);
- Preparo (se é com leite ou com água ou se pode ser utilizado de outras maneiras, como junto a outras refeições; alguns costumam ter uma diluição ruim e há pacientes que não se adaptam);
- Tipo e quantidade de açúcares (para pacientes diabéticos, por exemplo, há suplementos específicos);
- Tipo e quantidade de proteínas (nesse ponto, há diferença nas apresentações, o que pode tornar o custo mais ou menos vantajoso);
- Necessidade de nutrientes extras (algumas fórmulas contam com fibras alimentares, ômega-3, vitaminas e minerais, além de aminoácidos específicos que podem potencializar o ganho de massa muscular);
- Restrição alimentar (pacientes que possuem restrições além da lactose, como glúten, alergias ou são vegetarianos ou veganos, precisam de individualização na prescrição)
5 – Dicas práticas:
• A avaliação médica com geriatra ou nutrólogo ou com profissional de nutrição especializado em idosos é fundamental;
• Idosos com diabetes, doença renal, sarcopenia, fragilidade, usando sondas e em hospitalização precisam de ainda mais individualização e acompanhamento nutricional;
• Tentar sempre aumentar o ganho calórico e de proteínas através de alimentos ou na fortificação das refeições (ovos, leite em pó, azeite de oliva, etc);
• Pensar em suplementação caso não haja uma resposta satisfatória com a abordagem inicial ou nos casos de risco ou de desnutrição já estabelecidos;
• Compare os produtos: veja a quantidade de proteínas por dosagem, teste o sabor, a tolerabilidade e os preços;
6 – Última e mais importante orientação:
Cuidar muito para que o uso de um suplemento não faça o idoso ou a família deixarem de lado todo o resto da alimentação – esse é um erro bastante comum tanto das famílias quanto dos profissionais que prescrevem.
Dr. Leandro Minozzo
Título de Especialista em Geriatria pela SBGG/AMB
Título de Especialista em Nutrologia pela ABRAN/AMB
Prof. de Medicina da Universidade FEEVALE
