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Em quais aspectos poderíamos aproximar a medicina do sentido da educação?

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Ser médico me aproximou de pessoas. Esses seres tão contemporâneos que se distanciam constantemente da condição humana. Jovens, idosos, aqueles que se dizem bem-sucedidos ou fracassados. Mulheres. Mães e avós. Filhas cuidadoras de seus pais. Jovens que ainda circulam em seus próprios mundos. Esposos e esposas, juntos na consulta, ou separados. Aposentados e vestibulandos. Dividimos, com eles, o mesmo teto, o mesmo tempo e a mesma condição humana.

No segundo ano da faculdade, escrevi algumas linhas sobre qual era a minha verdadeira relação com essas pessoas todas. Questionei-me: Leandro, você gosta do ser humano? Trabalhei nessa questão durante algum tempo. Pare e pense em quanto difícil pode ser essa resposta. Conseguiria escrever uma enciclopédia com argumentos que levariam a um não.  Aos dezenove anos, conclui que sim. Poderia, dessa forma, continuar o curso.

O ser humano pode ser transformador.  É capaz de aprender e de realizar.  Ele pode amar, desamar e amar de diversas formas. Ele pode ser carente de uma série de habilidades e ainda sim viver. Pode construir seu jeito próprio de levar a vida, aos trancos e barrancos, com ou sem sorrisos frequentes.

Ter a possibilidade quase sagrada de acessar vidas, aliviar algumas angústias e promover a esperança em um número significativo de pessoas tem sido gratificante.  E me empurrado para um autoconhecimento cada vez mais próximo. Não que eu esteja próximo de qualquer verdade ou estágio evoluído, nada disso! A proximidade tem sido percebida desde que passei a fazer novos questionamentos e a conversar com pessoas sobre eles.

Ao buscar entender os aspectos da humanidade em pacientes e os outros ao meu redor, tenho conseguido transformar um pouco meus pensamentos. Posso dizer que, com isso, caminho para dar alguns passos mais sólidos na minha relação com a medicina. Espiritualidade, emoções positivas, humanização das pessoas… pode ser que por aí sigam os caminhos de um medicina que ajude as pessoas a tirarem de si suas potencialidades. E isso tem muita conexão com os sentidos da educação.

O educador tem por objetivo justamente possibilitar o desenvolvimento de capacidades intrínsecas. Ele estimula o desenvolvimento. O educador de verdade não é aquele que deposita o conhecimento e pronto, como criticava Paulo Freire, mas sim aquele que ajuda na descoberta e no uso de saberes. E em quais aspectos poderíamos aproximar a medicina do sentido do educador? Não poderá a medicina ajudar as pessoas a se desenvolverem como seres humanos?

Há a necessidade urgente de uma medicina para além do paradigma “queixa-exames-medicamento”.  Precisamos continuar aliviando dores, febres e curando infecções. Temos a oportunidade que nossos antecessores médicos nunca sonharam: colegas com muito conhecimento, medicações eficazes, exames fantásticos e, mais recentemente, possibilidade de acesso dos pacientes a tudo isso. Precisamos, porém, de uma arte que consulte a ciência e que se aproxime do sacerdócio novamente.

Compaixão, esperança, gratidão, perdão, alegria, criatividade se aproximam novamente da medicina.

Abraços, Leandro

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